07.
Expedição

Naufrágio Eugene Thayer, Ceará

O naufrágio Eugene Thayer, que remonta à Segunda Guerra Mundial, foi a coleta mais desafiadora do projeto Rota do Coral-Sol. No dia 9 de abril de 1942, fazendo a rota de Buenos Aires a Capirito, na Venezuela, esse petroleiro foi interceptado e bombardeado diversas vezes pelo submarino italiano Pietro Calvi, que, na época, patrulhava o Atlântico Sul. Dos 37 tripulantes a bordo, 11 morreram na tentativa de abandonar o navio e os demais foram resgatados. Após dois dias ardendo em chamas, o SS Eugene Thayer naufragou.

Atualmente, esse naufrágio representa o substrato artificial mais ao norte do Brasil onde é registrada a presença de coral-sol, espécie invasora que se adaptou rapidamente às águas brasileiras e se espalhou pelo nosso litoral.

Inicialmente, saímos de Fortaleza, às 3h da manhã, com destino à cidade de Itarema e, após 220 quilômetros, chegamos ao Porto dos Barcos. A operação de mergulho ficou a cargo do instrutor Paulo Roberto (Siará Scuba Dive) e da equipe Rambo Dive, que foram responsáveis por nos levar em segurança até nosso destino.

A embarcação pesqueira tinha cabos esticados no barco que nos auxiliam na locomoção no pesado mar cearense.  Após 23 milhas percorridas e, com direito a observação de baleias jubarte, chegamos ao SS Eugene Thayer, que repousa sob um extenso banco de areia a 18 metros de profundidade.

A ancoragem é feita no naufrágio sob forte corrente de superfície com a descida dos mergulhadores feita no cabo. A visibilidade passava dos 20 metros e a temperatura era de 28ºC. Conforme iniciamos o mergulho, já começamos a encontrar as duas espécies de coral-sol totalmente espalhadas ao longo do petroleiro com predomínio na proa e popa.

Foram coletadas 25 colônias de cada espécie e, além desse invasor, encontramos o peixe-leão. Trata-se de uma espécie altamente predadora, que se alimenta de uma variedade de presas, principalmente peixes recifais e camarões, cuja presença causa um desequilíbrio ecológico nas comunidades marinhas.

Na volta, nossa subida também foi realizada pelo cabo, e a parada de segurança foi feita aos 5 metros sob forte correnteza. Uma vez no barco, realizamos o processo de biópsia dos tecidos, seguido da refrigeração necessária e um belíssimo pôr do sol. Para alegria de todos, fomos recebidos com um pirão nordestino e uma posta de atum preparada pelos pescadores.

Retornamos ao cais por volta das 21h com a sensação de dever cumprido. Isso porque visitamos uma relíquia da Segunda Guerra Mundial, sendo um naufrágio no qual pouquíssimos mergulhadores foram até hoje devido ao difícil acesso.

Karine Venegas Macieira