O Arquipélago das Cagarras é um conjunto de cinco ilhas localizadas no Oceano Atlântico, a cerca de 5 quilômetros da Praia de Ipanema, no Rio de Janeiro. Coletar nessas ilhas faz parte da nossa rotina. Estabelecemos uma parceria com o ICMBio, que realiza o manejo periódico em pelo menos duas vezes ao mês no arquipélago. É um trabalho voluntário e mergulhadores certificados sempre se prontificam em participar.
O barco sai em frente ao restaurante flutuante localizado na Urca e o nosso percurso leva aproximadamente 40 minutos. Desde a saída do píer até a chegada ao ponto de mergulho costumamos demorar algumas horas, pois os pesquisadores aproveitam para realizar a fiscalização do local, passando um pente-fino na pesca ilegal.
A escolha do ponto é sempre uma incógnita e varia de acordo com as condições do mar, do vento ou simplesmente por um local precisar da retirada dos corais mais que o outro. Em nossas cinco idas até o arquipélago, coletamos nas ilhas Comprida e Redonda.
A Ilha Comprida possui um formato alongado, baixa altitude e fácil acesso. Por isso, é a ilha mais conhecida e visitada do arquipélago. A porção submersa é predominantemente rochosa, com muitas tocas e profundidade máxima em torno de 13 metros. Já na face sul, o costão rochoso é mais íngreme, exposto ao batimento de ondas e chega aos quase 40 metros de profundidade. É um mergulho com muita vida marinha e passagens que, nós, mergulhadores adoramos.
Já na Ilha Redonda, as profundidades também podem variar desde 2 metros até quase 40 metros nos costões voltados para o oceano. Enquanto estamos no barco preparando o material de coleta e montando os equipamentos de mergulho, podemos olhar para o céu e observar centenas de fragatas que montam seus ninhos nas ilhas.
Em ambos os locais nos quais mergulhamos, vimos a presença de grande quantidade de coral-sol com prevalência da espécie Tubastraea tagusensis. Um dado importante é que, ao longo de um ano de manejo, já foram retiradas mais de 1 tonelada de coral-sol do arquipélago, contabilizando 25.389 colônias até o fim de 2023.
Em janeiro de 2024 nossa equipe participou da primeira ação retirando cerca de 70 quilos em um dia. A colaboração de todos está sendo essencial para o controle dessas espécies em um local de proteção ambiental e nós ficamos muito felizes em contribuir com a remoção e ainda por cima subsidiar nossa pesquisa com esse material.
Karine Venegas Macieira