Galápagos, a primeira coleta internacional do projeto, foi uma viagem no tempo. Considerado um local de importância mundial pelo seu papel na formulação da Teoria da Evolução, de Charles Darwin, as ilhas possuem biodiversidade única com uma grande variedade de espécies endêmicas, muitas das quais só existem lá. Assim, o local é considerado um riquíssimo laboratório natural.
Em colaboração com o Centro de Ciência de Galápagos (GSC), localizado na Ilha de São Cristóvão, e com as pesquisadoras doutoras Diana Pazmiño e Margarita Brandt, conseguimos as autorizações necessárias para coletar nossas amostras em locais com rigorosa proteção.
Fomos em direção a uma pequena baía chamada Tagus Cove, localizada na Ilha Isabela, em uma expedição conduzida pelo capitão Yuri Chavez, que nos forneceu a infraestrutura necessária e muito sashimi fresquinho. Ao longo de seis dias em alto- mar, nossa equipe coletou e registrou com sucesso as amostras de Tubastraea tagusensis em sua localidade tipo. A profundidade do ponto de coleta bateu os 12 metros; porém, nos mantivemos aos 6 metros, profundidade onde tinha maior abundância dos corais.
Especificamente no caso do Parque Nacional de Galápagos, uma área protegida onde Tubastrea tagusensis é uma espécie nativa , apenas quatro colônias inteiras (duas de cada espécie) puderam ser efetivamente removidas do substrato. De resto, tivemos permissão para quebrar apenas três pólipos de uma colônia, quantidade suficiente para nossa pesquisa.
De volta a São Cristóvão, guardamos o material coletado no laboratório e fomos mergulhar em Cerro Tijeretas, local turístico caracterizado por águas claras, muita vida marinha e uma vista linda. Para chegar até lá foi um desafio, pois o caminho era uma longa trilha e íamos mergulhar na apneia. Ou seja, também não tínhamos um barco de apoio.
Colocamos nossas mochilas com equipamentos de mergulho e coleta e fomos em busca das colônias de Tubastraea coccinea. Diferentemente da primeira, essa espécie também é invasora em Galápagos.
Enquanto mergulhamos e procuramos corais, fomos surpreendidos com lobos-marinhos, avistamos iguanas, pinguins, tubarões, além de uma variedade de peixes coloridos. Era como estar no interior de um aquário.
Durante a primeira semana da nossa estadia no arquipélago aproveitamos para realizar as coletas necessárias para que a outra semana fosse toda dedicada ao processamento das amostras no laboratório do CSG. Lá, contamos com o apoio de uma equipe querida e ficamos no alojamento da universidade. Foram dias intensos de trabalho de campo e laboratorial. Ao final, voltamos com dados muito importantes para o segmento da nossa pesquisa.
Karine Venegas Macieira